De personagens secundárias para as personagens principais, os asiáticos vêm ganhando mais espaço a cada dia — seja nas telinhas, nas estantes ou em nossos corações! E o nosso domingo com livros, bolinhos e chás tem um foco diferente na manhã de hoje. Abrimos espaço para falarmos sobre as principais diferenças entre os mangás, os manwhas, os manhuas e os webtoons.
Capa de True Beauty (Beleza Verdadeira), disponível na Netflix, na versão audiovisual e original. (Foto: Reprodução/Pinterest)
Comecemos com um ponto importante: enquanto as histórias em quadrinhos estadunidenses são conhecidas como “comics”, no Brasil, as reconhecemos como “gibis”. E um dos artistas mais famosos, sem sombra de dúvidas, é o criador de “A Turma da Mônica”, Maurício de Souza. Que, ao criar a TMJ (Turma da Mônica Jovem), escolheu se basear nos mangás — e, felizmente, no modelo ocidental de leitura que conhecemos.
Os Mangás
Publicados da direita para a esquerda, a leitura desses quadrinhos famosos pode ser um pouco confusa à primeira vista! Os quadrinhos japoneses começaram a ser publicados no Brasil por volta dos anos 90, e desde então, ganharam notória visibilidade. As expressões ditas como “exageradas” nos desenhos são uma forte característica deles; além da estética em preto e branco. Os mangás são a fonte de origem dos animes, e pode ser dividido entre sete categorias:
Kodomo: é um gênero feito para crianças. A palavra, que significa literalmente “criança”, é carregada de lições de moral e aprendizado para a faixa etária. O modo como contamos as histórias, com arcos mais curtos e histórias fechadas, é outro detalhe importante que difere o gênero. “Hantaro”, “Hello Kity” e “Pokémon” são dois exemplos fortes e conhecidos de Kodomo.
Shounen: pode ser descrito como um gênero infanto-juvenil masculino; aquele mesmo público que se vidrou em “Diário de um Banana” — e por um bom tempo, em “Ben 10”. Dentro dele, encontramos histórias voltadas para ação, aventura e até mesmo luta. Com uma tendência maior a se tornarem animes, podemos citar como exemplo “Cavaleiros do Zodíaco”, “Naruto” e “One Piece”.
Shoujo: e obviamente as meninas também tem um gênero favorável a elas! A maioria das personagens costumam estar na idade escolar, além de possuir traços mais delicados em seus gráficos e desenhos. Os homens são retratados por meio de um sentimentalismo mais amplo. Inicialmente, eram escritos por homens, o que contribuía para uma imagem estereotipada e patriarcal do comportamento feminino nessas histórias. Hoje em dia, muitas personagens desafiam a sociedade em gênero e sexualidade. Mas, é claro, sem perder a essência do “princesa e cavalheiro”. Exemplos são “A Condition Called Love”, “Wolf Girl and Black Prince” e “Anonymus Noise”.
Yaoi/Yuri: os gêneros são direcionados às histórias com relacionamentos homoafetivos. “Yaoi” para homens com homens e “Yuri” para mulheres com mulheres. “Yuri”, no Japão, tem associação com a palavra lírio, que por sua vez origina os nomes que algumas personagens sáficas carregam. “Kiss Him, Not Me” é um exemplo de mangá classificado como “Boys Love” (BL), enquanto “Asagao to Kase-san” é um “amor de garota” — outro significado para a palavra “Yuri”.
Seinen: os mangás voltados para o público adulto costumam ser mais violentos e temas pesados. Costumam ser voltados mais para a ação, para o público masculino. Esportes e ficção científica podem ser inseridos nesta categoria também. No entanto, isso não significa que eles deixem de trazer reflexões profundas sobre a vida e a existência humana. Alguns exemplos são “Hellsing” e “Afro Samurai”.
Josei: voltado para o público feminino adulto, o cotidiano e o romance são abordados em peso por aqui. Com enredos mais realistas, há uma liberdade até mesmo explícita, desde que não pornográfica. Graças aos seus traços e construções, é raro que sejam adaptados para animes, ganhando muito mais notoriedade em novelas, dramas e filmes, com atores reais. Cita-se “Paradise Kiss” e “Chihayafuru” como exemplos.
Hentai/Josin: por fim, o mais impróprio de todos! Com teor erótico, são conhecidos no ocidente como “hentai” e no Japão como “josin”. Por mais que suas histórias variem desde o terror até as comédias, a Julietta é friendly family e não irá se responsabilizar pelas escolhas de cada um. Ou seja: sem exemplos por aqui.
Os Manhuas
As histórias em quadrinhos produzidas na China tem um sentido literal interessante: “desenhos irresponsáveis”. Curioso, não? Eles são descritos como os quadrinhos orientais com desenhos mais realistas, chegando, agora, alguns a possuírem traços até mais “americanizados”. Aqui, as obras são inteiramente coloridas. De todos os tipos, é um dos menos conhecidos e consumidos no ocidente, mantendo sua maior popularidade por Hong Kong, Japão e Taiwan.
Um manhua famoso é “Tales of Demons And Gods”, com um toque de romance, ação e sobrenatural.
Os Manhwas
Claro que a Coréia do Sul também tem um nome próprio para os seus quadrinhos! Graças a Onda Hallyu — também chamada de invasão (cultural) coreana —, cada vez mais eles também têm ganhado espaço por aqui. Normalmente, ação e romance são os gêneros que mais saem em produção. Um ponto interessante sobre os manhwas, é que eles tendem a se tornar dramas televisivos ao invés de animações — como é o caso dos animes japoneses.
Eles são bons para serem utilizados em estudos da língua sul-coreana. Sua coloração não possui regras, podendo ser tanto em preto e branco quanto em colorido. As personagens costumam ser desenhadas de maneira mais realista, com enfoque em seu desenvolvimento e nos diálogos; suas feições são mais exageradas.
A partir deles que surgiu a febre dos Webtoons, que veremos a seguir.
Alguns dos manhwas com melhores avaliações são “Who Made Me a Princess”, com uma proposta diferente que envolve fantasia e amor paternal, e “Adelaide”, com um prota masculino perfeito desde o começo, uma prota feminina ousada e divertida e muito romance de deixar as bochechas vermelhas e o coração quentinho!
Os Web… Webtoons ou Webcomics?
Pois é! No final das contas, ainda existe essa pequena diferença entre dois tipos — bem — semelhantes de quadrinhos digitais! Por mais que nosso foco seja nos webtoons, aqueles com scroll infinito, temos as webcomics, publicadas por páginas. A diferença também está presente em alguns elementos visuais da história, como o espaço em branco que existe nos webtoons entre uma cena e outra, muito utilizado para se indicar uma passagem de tempo, por exemplo!
Mas, finalmente cheguemos ao desejado! Na matéria de hoje, falaremos um pouco sobre webtoons que originaram alguns dramas maravilhosos!
Itaewon Class (2020): o drama sul-coreano estrelado por Park Seo-joon (“The Marvels”) é uma adaptação do webtoon de mesmo nome, criado pelo autor Jo Gwang Ji. A trama gira em torno de um protagonista que já enfrentou situações complicadas durante sua vida, e entre elas, a perda do pai e uma prisão. Então, ele decide economizar e abrir um bar em Itaewon, um bairro repleto de jovens. Você pode assisti-lo na Netflix.
True Beauty (Beleza Verdadeira) (2020): focado no poder da maquiagem e na auto aceitação, o drama está disponível na Netflix e foi estrelado por Moon Ga-young (“Find Me In Your Memory”). A comédia romântica foi baseada no webtoon de sucesso de mesmo nome.
O que houve com a secretária Kim? (2018): outro drama do Park Seo-joon, mas desta vez, ao lado da beijoqueira predileta dramaland, Park Min-young (“Healer”). O presidente narcisista de uma corporação faz de tudo para impedir que sua secretária altamente qualificada se demita, incluindo, pedi-la em casamento. O drama pode ser assistido gratuitamente pelo Viki.
What's Wrong with Secretary Kim? (O Que Houve com A Secretária Kim?), drama sul-coreano disponível no Rakuten Viki em sua versão audiovisual e original. (Foto: Reprodução/Pinterest)
Mas e aí? O que tudo isso tem a ver?
Com a crescente onda de apreço pela cultura asiática pelo mundo, em especial, pela sul-coreana, é comum que termos novos surjam a cada segundo e que fiquemos perdidas em meio a tantas novidades. A Julietta é fã de doramas, k-pop, romance e literatura! Por isso, decidimos encerrar a matéria indicando alguns lugares para você começar a explorar e consumir mais desse universo tão incrível!
Viki Rakuten: também conhecido como Rakuten Viki ou apenas Viki, é uma plataforma gratuita criada de fãs para fãs. Lá, ficam disponíveis programas de TV, realitys, séries/novelas e até mesmo filmes coreanos, japoneses, chineses e muito mais! Você também pode optar por assinar alguns dos planos ofertados, conseguindo acesso exclusivo a conteúdos imperdíveis. É um bom lugar para quem quer começar a explorar.
Netflix: não é novidade que os doramas contagiaram a Netflix! Apesar de um acervo menor comparado ao Viki, é possível assistir aos dramas dublados em português e com garantia de que as legendas estarão, de fato, ali! Mas cuidado, alto risco de se apaixonar.
Livros asiáticos: com a onda do healing fiction — ficção de cura —, muitos livros asiáticos tem estourado nas livrarias do país e do mundo todo! “Amêndoas” e “Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong” já estão resenhados na Julietta e são indicações confiáveis.
YouTube/Spotify: para os visualmente curiosos, o YouTube oferece trechos de entrevistas com idols asiáticos que facilitam nossa entrada nesse universo. Além, é claro, dos MVs. Já o Spotify está do lado de quem quer arriscar a escutar uma nova canção durante o banho. Canções coreanas em R&B e OSTs de dramas são boas opções!
Escrito por: Ana Clara Reis
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