Diversos jornais estadunidenses a intitulavam como “Tejano Queen”, assim como seus fãs. Ganhadora do grammy por seu primeiro albúm mexicano-americano, no ano de 1994, e pioneira em seu gênero musical, Selena Quintanilla, poderia facilmente ser comparada à uma estrela cadente: um brilho gigantesco, mas de uma finitude veloz. Sua história curta trouxe à comunidade latina não apenas canções e apresentações fervorosas, mas consolidou um legado que ninguém nunca tinha feito antes. Apesar de ter realizado toda sua carreira no século passado, a grandeza de sua arte continua impactando e inspirando a nova geração, seja dos artistas, seja do público. Nascida no Texas, em 1971, a cantora trabalhou com sua família desde muito nova. Essa história é de certa forma bem contada na série “Selena” (2020), produção por conta da Netflix, onde conseguimos acompanhar sua trajetória, iniciando-se na descoberta de seus dons na infância pelo pai, a posterior formação de sua banda “Los Dinos”, ao lado de seus irmãos Suzette e AB Quintanilla, até sua consolidação como artista na juventude. Essa narrativa também é apresentada por Jennifer Lopez em 1997 com a cinebiografia de mesmo nome. Todas as interpretações consolidam a autenticidade não só de sua vida profissional, mas também pessoal.
Selena e sua banda “Los Dinos” em 1994, já composta por músicos além de seus irmãos. (foto:reprodução/Pinterest)
Foi na infância junto à sua família e seus instrumentos musicais que os trabalhos começaram, onde se apresentavam em casamentos e restaurantes a fora, que tiveram sua formação completa em 1981. Mas foram alguns anos depois que seu talento começou a ser reconhecido: em 1987, ganhava o prêmio “Vocalista feminina do ano”, no Tejano Music Awards, e posteriormente assinava um contrato com a gravadora EMI. A partir dali, os caminhos para a sua consolidação no cenário do tex-mex estavam abertos, e uma presença feminina potente em um universo extremamente machista e limitado tomava forma.
Selena se apresentando no Tejano Music Awards, em 1987 (foto:reprodução/Pinterest)
Dois anos depois, é feito um novo contrato com a EMI Latin, e uma nova etapa é iniciada: é lançado seu albúm de estreia solo, resultando no empresariado e produção musical de seu pai e seu irmão. Após as significativas mudanças, sua carreira se direcionava para o sucesso e sua marca pessoal, evidenciados no ano de 1992 com “Entre a mi mundo”. Com seu nascimento, veio o ouro: o alcance de número um na parada de álbuns mexicanos da Billboard por oito meses consecutivos firmava seu reinado. A essa altura, uma legião de fãs já era realidade, e seus feitios já se tornavam históricos. Seu auge foi então concretizado em 1994 com seu albúm “Amor prohibido”. Sua ascendência mexicana era evidenciada na capa, trazendo características típicas de sua cultura, e consequentemente uma aclamação da crítica musical não só por todo o trabalho da musicalidade, mas por sua relevância comercial, se tornando um dos subgêneros mais consumidos da época. Todos os passos dados até então seriam cruciais para o ano seguinte, que se tornava o ínicio, mas ironicamente, o fim de tudo.
Capa do album “Amor prohibido” (1994) (foto:reprodução/Pinterest)
O próximo capítulo de sua carreira estaria na busca por um alcance ainda maior: em um trabalho intenso, seu posterior album seria focado na língua inglesa em uma melodia mais pop, uma vez que os caminhos da música hispânica já teriam sido consagrados. Apesar de toda a estratégia, todo o projeto foi bruscamente paralisado pela trágica morte de Selena: em 31 de março de 1995, ela seria assassinada por sua ex-gerente Yolanda Saldívar, aos 23 anos. As disputas nos bastidores que resultaram no fim de sua vida fizeram com que o album fosse postumente lançado em julho daquele mesmo ano. Embora tenha sido interrompido de maneira inesperada, “Dreaming of you” vendeu 175 mil exemplares apenas em seu primeiro dia de lançamento.
Capa do album “Dreaming of you” (1995) (foto:reprodução/Pinterest)
Poderíamos dizer que Selena era uma praticamente uma “barbie profissões”: ao todo, conseguiríamos dizer que possuiu onze, e uma das que mais gostava e se destacava de maneira notável era a moda! Com um design único, sua paixão e criatividade a levaram à abertura de uma boutique, mas era no palco que seu estilo se tornava inconfundível. Partindo-se de mangas, saias, botas de cano alto, os antigos “bustiês”, chegando até então seu macacão roxo icônico, provava-se por mais que sua essência era presente em todos os setores. A grande maioria de seus looks possuiam sua autoria. Para quem se inspira na moda dos anos 90, fazer um estudo de campo por suas produções é parada obrigatória.
Selena em 1993 Selena em sua última apresentação televisionada em Houston, Texas, no ano de 1995. (foto:reprodução/Pinterest)
O histórico macacão roxo de Selena faz parte de uma histórica apresentação da mesma: em 26 de fevereiro de 1995, o Astrodome, situado no estado do Texas, recebia sua última e marcante aparição televisionada, onde a mesma quebra seu próprio recorde de audiência e vendas de ingressos. Nesse fatídico ano, a cantora fortalece toda sua história profissional e demonstra ser percursora de um gênero até então estigmatizado e masculino.
(vídeo:reprodução/YouTube)
A breve vida de Selena possui diversas fases intensas, e no mês da mulher, destaca-se uma figura que conquistou milhares de sorrisos e infelizmente as lágrimas de muitos. Sua marca no mundo se estabelece não só pelas músicas, danças, penteados ou figurinos, mas por sua personalidade forte, persistente e talentosa. Seu impacto na indústria está presente em diversas apresentações em homenagem como de Jennifer Lopez na Billboard, em 2015, ou até mesmo por Becky G no Coachella, em 2023. Que sua arte possa ser sempre lembrada e celebrada.
Estátua de bronze em homenagem à Selena, situada na cidade de Corpus Christi, estado do Texas. (foto:reprodução/Pinterest)
Escrito por: Stéphanie Mendes
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